Deixo os passos guiarem tudo a minha volta. Entre pés, pernas, postes e prédios. Eis o sopro da eventualidade e o caminhar como prática poética.

Um filme-dança que provoca uma reflexão sobre as coreografias impostas aos corpos das mulheres e a necessidade da subversão a partir do movimento de uma série de forças que atravessam os contextos sociais e urbanos.

O filme narra a busca pelas conexões entre biomas e paisagens, que, por vezes, o caminho nos leva do passado ao futuro, trazendo algum sentido pro presente.

Na concha das mãos, a memória escorre. A mulher segura o ovo, pensa que segura outras mãos. Repetições, heranças e mães. A linhagem que vem comerá o mesmo ovo escorrido de sangue. Já não tem sangue, a mulher. E todo dia faz a mesma receita. Ovo faz bem para a memória. A gema enche toda a mão e isso dá uma vontade enorme de chorar.

Exercício de fazer sentido de tempos que já não existem mais.

No umbigo do mundo.

Quando o telefone tocou às três da manhã daquele domingo, a gente já sabia o motivo. Em 1784, caiu no sertão da Bahia o maior meteorito registrado no Brasil, 5,4 toneladas. 240 anos depois, quando o telefone tocou de madrugada, a gente sentiu o impacto.

[ext.] um corpo deitado acorda com um estalo, não se escuta o estalo no filme, mas o filme começa com ele deitado na grama com a barriga pra cima. tem muita chuva, muita chuva no meio do mato atrás da casa dele, pra lá da pirâmide, perto do muro. junto de um zoom in a blusa dele vai ficando mais escura por causa da chuva, talvez isso nem apareça no filme, mas ele fica todo molhado.

A vida tranquila dos habitantes da ilha toma um rumo impensável onde o inesperado encontra o cotidiano criando uma experiência que é ao mesmo tempo familiar e fantástica. É tempo de experimentar.

Num fluxo de texto – texto teste – testo texto. A unidade mínima do texto, a letra: volátil, rasurada, deslocada, craquelada. O rastro opaco do texto, da palavra, da letra: matéria tênue, densa, como uma nuvem carregada.

Na repetição do cotidiano, pequenos processos se repetem e acumulam-se, fracionando a existência de uma pessoa.

Recortes de memórias que circulam e terminam onde começaram. Pequenos fragmentos experimentais sobre um fluxo de recordações que nunca são claras.

Falanges distais, médias e proximais, metacarpos e carpos, trapézio, trapezoide, capitato, hamato, pisiforme, piramidal, semilunar, escafóide, adutores, flexores, extensores, nervos, veias, artérias, sangue, carne, pele, suor, terra e grão gris.

No meio do silêncio, escuto a voz do córrego.

Tudo o que dois eslovacos com uma câmera de 8 mm conseguem dizer sobre o Brasil sem palavras. Os bastidores de uma praia em Florianópolis capturados durante uma tarde, deslocando gravações de áudio coletadas ao longo de 9 anos, de um lugar muito específico para uma experiência mais ampla do país.

O inicio desse trabalho foi realizado há 11 anos atrás, onde vomito um cavalo. Depois uma aranha. Porém, sinto ainda a necessidade de vomitar muitos bichos. Como no conto “Carta a uma senhorita em Paris”, de Julio Cortázar, há um incômodo crescente, impossível de ser guardado.

As imagens, as pedras e os grafismos existem se já ninguém as enxerga? Co-habitamos um mundo e criamos dia após dia ruínas, escombros e elementos esquecidos pelos nossos sentires e que apesar de tudo continuam aí nos falando. O tempo não pára e o nosso fragmentado passado se ergue.

Em um mundo onde a humanidade se vê cada vez mais separada da natureza, consumindo-o, a busca pela conexão e a transformação de consciência talvez seja a única maneira autêntica de sentir o prazer de estar vivo.

Formas que captam o sagrado-profano, indústria-visceral.

A rotina de Perla muda quando areia invade, aos poucos, sua casa. Os grãos tomam conta de sua vida, provocando transformações elementares